terça-feira, 21 de agosto de 2012

mano



Raiava o dia naquela manhã do dia 21 de agosto de 1989, como sempre, me levantei e fui para a sala, liguei a televisão “preto e branco” em algum programa infantil e aguardei a maravilhosa rotina que se seguia: minha mãe me trazia bolachas Maria com margarina, um copo de leite achocolatado, acompanhado de alguns beijos e carinhos. Entretanto naquele dia isso não aconteceria, por ironia do destino minha rotina seria mudada para sempre naquele dia e eu aprenderia a maior lição da minha vida.
Minha mãe tardou a aparecer naquela manhã e como já era de costume fazia alguns meses, desceu as escadas de forma dificultosa em função de sua enorme barriga. Aquela decida de escadas se tornou mais árdua e dolorida em sua metade final, notei pelos gemidos e caretas dela que algo estava errado, e tive a certeza disso quando ela sentou-se ao meu lado, sem as bolachas, sem o leite e sem o carinho, e concluiu: “O Vítor vai nascer...”.
Em seguida o pai deceu as escadas cambaleante com sacolas e roupas pelos braços, dizendo que tudo ia ficar bem, que estava tudo bem, perguntando se todo mundo estava bem e checando se tudo estava bem.
Minha avó, que morava ao lado, foi contatada para me fazer companhia, me dar bolacha, leite e carinho.
Em seguida partiram meu pai, minha mãe e a forma esférica que precipitava da barriga da mãe, que segundo me informaram e para minha surpresa, era um irmão.
Ficamos eu, minha avó e meu tio (que é praticamente meu contemporâneo de infância). Depois do tumulto inicial, a vó se ateve aos afazeres domésticos e eu e meu tio ficamos, como tradicionalmente era nas primeiras horas da manhã, assistindo televisão e implicando um com o outro. Nossas investidas foram interrompidas pela TV, por um plantão de noticias anunciando a morte de um artista famoso chamado Raul Seixas. A minha reação foi de indignação por terem interrompido o desenho, mas também foi de curiosidade, pois naquela manhã já tinha tido contato com duas palavras que jamais tinha ouvido: “nascimento” e “morte”.
Perguntei a mim mesmo:
          O que é nascer?
E cheguei a conclusão:
          É uma pessoa não ser ninguém e de repente... ser!

E segui meus questionamentos:

          E o que é morrer?
          É uma pessoa ser alguém e de repente começar a não ser mais!
Uma conclusão tão simples e poderosa que até uma criança poderia entender.

E sempre foi assim com o Vítor... mesmo sem perceber ele me despertou e desperta as melhores conclusões que eu possa ter. A inteligência e perspicácia do meu irmão são exemplos inconcientes para eu ser inteligênte e perspicás. 
Meu irmão, no dia de seu nascimento, sem saber, me fez entender uma das maiores verdades da vida. A verdade de o quanto a vida é fulgás, e por isso o quanto temos que aproveitá-la.
Alias, meu irmão, sem saber, sempre me ensinou e me encina as verdades da vida.

Alguns ensinamentos que meu irmão me passou, foram de forma conciente, e eles vão de “Teoria da Relatividade Universal” à macetes de jogos como Championship Manager. Mas a maioria é sem perceber, sem eu perceber, sem ele perceber, sem ninguem perceber.

Dou valor a vida por causa do meu irmão, mas alem disso dou valor à vida do meu irmão, pois para mim, a minha se confunde com a dele. Minha vida sem meus irmãos alem de ser extremamente chata, seria uma vida incompleta.

Ele me ama ainda eu acho, apesar de eu ter me esforçado quando pequenos para que ele me odiasse.
Como da vês que deixei ele na rua no dia de chuva; da vês que o fiz desmaiar com um golpe “mata-leão”; de quando jogava água gelada enquanto tomava banho, enfim...

Mano, desculpa as mancadas burras e infantis de quado eramos crianças, vou sempre tentar compença-las com o amor que tu merece. E pode contar comigo para o que tu precisar.

Parabéns Vitico! Te amo demais!


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